A Lei Rouanet e Minas Gerais em 2012


Dando prosseguimento à série de posts sobre a distribuição de recursos via Lei Rouanet em 2012, iniciada pelo contexto Brasil e em seguida pela situação preocupante da Bahia, analisaremos agora como ficou a situação de Minas Gerais – estado onde a Nexo está baseada. Já fizemos análise semelhante no ano passado, com base nos dados de 2011.

Mais uma vez, cabe ressaltar que a análise aqui apresentada não contempla projetos de proponentes de fora do Estado, mas que estão por ventura sendo executados em Minas Gerais. De qualquer forma, esse estudo nos permite analisar em que medida a produção cultural regional está sendo financiada e por quem.

Em 2012, o investimento via Lei Rouanet em projetos apresentados por empreendedores culturais registrados em Minas Gerais fechou o ano em leve queda, acompanhando o que já mostramos para o país como um todo. Com redução de 1,1% em relação a 2011, o investimento no Estado ficou em R$126,2 milhões – o que representa 10% do total do mecanismo, equiparável com a representatividade de Minas em termos populacionais e um pouco acima da relevância para o PIB nacional (cerca de 9%).

Entre os maiores investidores em projetos mineiros, acompanhando o cenário nacional, fica nítida a queda de Vale e Petrobras quando comparados com o ano de 2011. As empresas, que eram as duas mais importantes no cenário estadual, foram ultrapassadas por Cemig Distribuição e CBMM, então terceira e quarta maiores incentivadoras.

Cabe ressaltar que a análise aqui apresentada considera as empresas individualmente (por CNPJ), sem consolidar o investimento de grupos empresariais.

Considerando as mesmas estatais federais analisadas no post anterior, constatamos que Minas ficou com 7,3% do total investido, abaixo da representatividade do Estado em relação à população e ao PIB.

Nesse grupo, chama atenção o baixo investimento do Banco do Brasil em projetos do Estado. A expectativa é que com a esperada inauguração do CCBB em Belo Horizonte mais projetos do Estado possam ser contemplados. Atualmente, RJ e SP ficam com mais de 90% dos investimentos da estatal.

Ainda no âmbito das estatais, merecem destaque duas empresas (sempre sob a perspectiva da análise individual e não de grupos) quando filtramos apenas projetos de proponentes mineiros.

Mesmo as duas empresas tendo relação direta com o Estado, o destino do incentivo fiscal não reflete tão fortemente esse vínculo, diferentemente do que ocorre, por exemplo, com as duas maiores investidoras do ranking – CEMIG e CBMM -, que aplicam, respectivamente, 93% 72,8% em projetos do Estado.

Do lado dos empreendedores, o Instituto Inhotim permanece na liderança entre os 10 maiores captadores de recursos do Estado e um dos quinze maiores do país. A instituição mineira é seguida pelo Grupo Corpo – que subiu da quinta para segunda posição – e o Instituto Sérgio Magnani, que mesmo tendo ampliado sua captação em R$1,2 milhões caiu para o terceiro lugar. A queda do investimento da Vale, por sua vez, teve reflexo em seus projetos próprios. A Fundação Vale, que aparecia na lista de 2011 com a terceira maior captação, não recebeu recursos em 2012.

Novidade na lista dos 10 maiores, o Instituto Cultural Filarmônica, responsável pela gestão da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, teve sua captação ampliada em 327,9%, passando de R$1,32 milhões em 2011 para R$4,36 milhões em 2012. A Nexo Investimento Social tem a satisfação de apoiar a Filarmônica nesse esforço em busca de sustentabilidade.

Como uma empresa que busca contribuir para fortalecimento da cena cultural mineira, nós acreditamos que para ampliar o montante de recursos aplicados em Minas Gerais é preciso fortalecer nossos empreendedores culturais. Considerando que a maior parte das empresas de atuação nacional tem sede em SP e RJ e concentram os seus recursos por lá, é preciso que empreendedores do nosso Estado tenham ousadia para sair detrás das montanhas e buscar financiamento por lá, reforçando a importância de Minas para o Brasil e as oportunidades que o nosso importante setor cultural oferece para elas por aqui.